Anacheilium aemulae
Uma historieta de
superação
Sobre as Orquídeas, o
nome advém da língua grega; do radical grego Orchis que significa
“testículo”, essa analogia procede da
aparência dos dois tubérculos que constituem a base vegetativa de algumas espécies.
As orquídeas são classificadas na divisão Spermatophyta,
subdivisão Angiospermae, classe Monocotyledonae, ordem Microspermae e família Orchidaceae. A família é uma das maiores
de plantas floríferas, englobando quase 1/7 das existentes no planeta. É composta
por cerca de 1.000 gêneros e 20.000 espécies. “Foram os orientais os primeiros
a fazerem referencia às orquídeas. O primeiro livro sobre o cultivo das
orquídeas, foi provavelmente escrito em chinês no ano 1000 d.C.” (KAYASIMA;
DEUTSCH, L, 1989).
Quanto ao crescimento,
há dois tipos: o monopódico: quando a orquídea apresenta caule ereto que de ano
para ano se torna mais alto; e o simpódico, quando a cada ano se forma um novo
caule, em rigorosa sequência horizontal. Assim, cada caule brota de uma intumescência
na base da planta: o pseudobulbo, que armazena as reservas nutritivas.
A maioria elabora seus
próprios alimentos; algumas os retiram de matéria orgânica decomposta, como
paus podres, ou são auxiliadas por um fungo que vive em suas raízes. As orquídeas
são bissexuais, com estrutura reprodutora única.
Neste "artigo” procuramos apresentar
algumas informações sobre o gênero Epidendrum,
cultivado no agreste de Alagoas, Nordeste do Brasil. Do grego Ep(i) = sobre + dendrum = árvore. Sua marca também é a qualidade de epífita.
Escrevemos aqui sobre o gênero Epidendrum, que é composto por mais de
1.100 espécies de orquídeas. Especificamente sobre a variedade aemulae. A fragrância agradável a torna
uma das orquídeas encontradas em quase todos os orquidários domésticos.
A espécie aemulae é de porte mediano, folhas e pseudobulbos bem definidos e produz flores –
geralmente – com tonalidades esbranquiçadas, mas sem tomar totalmente a
qualidade de albas; apresenta ainda detalhes em finas faixas verticais de um
violeta suave, na sépala (maior) superior ao labelo. Fazendo jus ao “sobrenome”,
exala agradabilíssimo perfume.
Se deixadas sobre os galhos mais grossos das
árvores podem chegar a ter 36 pseudobulbos e até mais, além de florir em até
mais de 6 deles, totalizando mais de 20 flores perfumadas. Se num vaso, que
deve ser um tipo placa ou algo parecido, não se poderá ter tantos pseudobulbos,
nem flores, evidentemente.
Fizemos um acompanhamento empírico num
exemplar de Anacheilium aemulae que
fora coletado em 2007, numa área de devastação ambiental, no agreste de Alagoas.
Apresentamos aqui informações angariadas em 5 anos sobre esta orquídea. As
primeiras flores só ocorrem 6 meses depois de ser coletada.
Há de se considerar que ela contava com apenas
3 pseudobulbos pouco saudáveis na época da coleta; porque se encontrava
derribada sobre o chão, em meio as gramíneas, também amarelecidas pela ação
devastadora do sol de verão, tão intenso nesta região do Brasil. Após ser
colocada num local adequado: um pedaço de madeira maciça, porém envelhecido,
livre do sol direto e sob regas controladas, vieram, (meses depois) as
primeiras flores: já estávamos em 2008. Em março deste ano ela encontrava-se
com apenas 3 flores em 1 pseudobulbo, foi neste ano que experimentamos sua
fragrância e decidimos pela sua evolução (foi também, neste ano que ela
demonstrou sobreviver e querer prosseguir). Em 2009, assim como no ano
anterior, ela estava fixada numa estaca, dentro do espaço coberto por uma tela,
no “pseudo-orquidário”; neste período, por termos viajado e deixado-a sob
outros cuidados, não teve uma floração evolutiva (lhe faltou rega, acreditamos),
exibindo apenas 2 flores em apenas 1 pseudobulbo, mas neste ano já contava com
5 pseudobulbos (sendo 3 deles adormecidos), esta floração só veio a ocorrer no
mês de maio. Em 2010 as flores ocorreram em março e somaram 6 flores em 2
pseudobulbos; detalhando melhor esta floração: o invólucro protetor pôde ser
visto em 29 de março e a primeira flor surgiu em 14 de abril; posteriormente,
no mês de agosto deste ano fizemos uma observação neste exemplar: já possuía 10
pseudobulbos (7 a mais que em 2008), o maior deles detinha 5 cm de comprimento
e a maior folha tinha 18,5 cm de comprimento. Em 2011 a floração se consolidou
em abril e as flores somaram 11, em 4 pseudobulbos. Já em 2012, por conta de
mudanças no “pseudo-orquidário” (ela permaneceu por cerca de 2 meses apenas
embaixo de uma árvore, para que outro espaço fosse construído), as flores
reduziram em 1 – sendo 10 flores – em relação ao ano anterior; estiveram plenas
em abril de 2012.
|
MÊS PREDOMINANTE DE FLORES
|
QUANTIDADE DE PSEUDOBULBOS
|
QUANTIDADE DE FLORES
|
2008
|
Março
|
01
|
03
|
2009
|
Maio
|
01
|
02
|
2010
|
Março
|
02
|
06
|
2011
|
Abril
|
04
|
11
|
2012
|
Abril
|
03
|
10
|
Tabela 1: Anacheilium aemulae: floração escriturada em 5 anos.
Constatamos
que há uma predominância das flores nos meses de março e abril, fator
diretamente condicionado a ligações de tempo e clima, assim como as manipulações
humanas circunstanciais.
Nosso
desejo é continuar vivendo em meio às essas plantas prodigiosas, que não medem
esforços para conquistar aos polinizadores naturais, assim como aos humanos
sensitivos. Esperamos poder ainda escrever sobre este gênero, sobre esta
espécie e poder contar acontecimentos de superação.
BIBLIOGRAFIA*
NOVA ENCICLOPÉDIA
BARSA. 6. ed. São Paulo: Barsa Planeta
Internacional Ltda., 2002. V. 07.
SERQUEIRA, Carla.
Matas do Interior escondem raridades. In: Gazeta
de Alagoas. Maceió, Sábado, 04 de Fevereiro de 2007. Ano LXXII, n° 576.