Como
se faz uma modesta pesquisa para identificar uma orquídea, que você “vê”
na sua região, ou que você adquire, mas não sabe o nome?
Uma
das coisas a ser observada é o seguinte: onde pesquisar? Livros, internet,
amigos que conhecem mais sobre... Hoje em dia, comumente, recorremos à internet.
A
orquídea em questão é do gênero Vanilla
(baunilha) e a região na qual foi “vista” é o Nordeste do Brasil, Estado de Alagoas.
Antes, nós precisamos afirmar ser a Vanilla
uma orquídea muito incomum e curiosa, dadas as suas características, tais
como:
“Vanilla é um gênero de
plantas trepadeiras. É encontrada em zonas tropicais e congrega cerca de 110
espécies. A partir dos frutos de algumas espécies obtém-se a especiaria
comercialmente conhecida como baunilha (...)”.
“As espécies deste gênero podem ser
reconhecidas, dentro da tribo Vanilleae,
por serem trepadeiras, apresentarem clorofila, raízes aéreas; e sementes
crustosas, sem asas”.
“Adicionalmente,
as Vanillæ caracterizam-se por serem plantas de caules longos e mais ou
menos carnosos, escandentes e reptantes, pouco ou muito ramificados, que aderem
ao tronco das árvores com o auxílio de raízes adventícias, produzidas a cada nó
do caule, em regra achatadas, lisas quando livres, e espessas e vilosas quando
enterradas ou aderidas. As folhas são alternantes ou arranjadas em espiral,
espaçadas, mais ou menos largas, carnosas e brilhantes”.
“Quando
grandes e já elevadas, seus ramos pendem e frutificam, razão pela qual, em
cultivo, demoram muito a florescer. Produzem inflorescências axilares, com
flores solitárias ou em racemos, formando algumas vezes ramúsculos laterais”.
“As
flores são em regra vistosas, pequenas ou grandes, muito perfumadas, efêmeras,
produzidas em sucessão, em regra brancas ou de amarelo pálido (...). O fruto é
carnoso, em formato de vagem ou ovalado, chegam a ter de 20 a 25 cm de
comprimento e 3 cm de espessura, com sementes pesadas e crustáceas, negras ou
acastanhadas. Existem 2 grandes grupos de espécies: um de caules espessos e
folhas carnosas, que é bom produtor de baunilha, e outro de caule mais fino e
folhas largas e mais herbáceas, que não produz favas tão úteis[i]”.
Fomos
à internet e iniciamos nossa viagem que ainda não findou...!
Primeiro
filtramos sobre quais seriam as espécies mais comuns, citadas na fonte de
pesquisa, e onde ocorriam (por ordem alfabética).
FASE MAIS AMPLA
Vanilla:
- acuta – América
do Sul (Guiana e Suriname)
- angustipetala – Brasil
(São Paulo e Paraná)
- bahiana – Brasil
(Bahia)
- bicolor – Brasil
(Centro Oeste)
- bradei – Brasil
(São Paulo)
- carinata –
Brasil
- cristagalli – Norte do Brasil
- cristatocallosa
- Norte do Brasil e Guiana
- denticulata – Nordeste do Brasil
- dietschiana – Brasil
(São Paulo; Santa Catarina e Espírito Santo)
- dubia – Brasil (Minas
Gerais)
- dungsii – Brasil
(Rio de Janeiro)
- edwallii – Brasil
(Centro Sul)
- gardneri – Brasil
(do Pará a Pernambuco)
- grandflora – América
do Sul; Norte e Nordeste do Brasil
- lindmaniana –
Brasil (Mato Grosso)
- organensis –
Brasil (Mato Grosso e Rio de Janeiro)
- parvifolia – Sul
do Brasil
- purusara – Brasil
(Pará e Amazonas)
- ribeiroi –
Brasil (Mato Grosso)
- schwackeana – Brasil
(de Pernambuco a Minas Gerais)
- trigonocarpa – Norte do Brasil
- uncinata – Norte do Brasil
Estas
acima, grifadas em verde se aplicam mais a nossa realidade.
FASE MENOS
VASTA
Mas
ainda estávamos um pouco distante, é verdade que alguns filtros já foram
efetuados e nosso leque de possibilidades diminuiu um pouco.
Procedemos
em mais pesquisas na internet (algumas delas dúbias e incertas demais, outras desconformes),
porém, resumimos ainda mais, conforme visto abaixo (todas encontradas especificamente no Brasil):
V.
bahiana em: Pará, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte;
V.
chamissonis: Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa
Catarina, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal;
V.
denticulata Pabst: Pernambuco;
V.
gardneri Rolf: Pernambuco, Rio de Janeiro e Minas Gerais;
V.
pompona Schiede: Amazonas, Pernambuco, Minas Gerais e Mato Grosso;
V.
planifolia: Alagoas,
Espírito Santo, Mato Grosso, Pará e Rio de Janeiro.
"ÚLTIMA” FASE"
Quase
por fim, pois ainda não conseguimos identificá-la (acho que isso só ocorrerá
quando ela florir) encontramos outros nomes de espécies, que pareceram estar
mais perto do nosso Estado, as quais nós não tínhamos encontrado antes; e
então, chegamos à seguinte “conclusão”, ou seja, as maiores possibilidades é
que nossa Vanilla “avistada” seja
uma dessas abaixo relacionadas:
Vanilla bahiana;
Vanilla palmarum;
Vanilla planifolia;
Vanilla trigonocarpa.
Consultando, ainda, amigos virtuais que cultivam alguns gêneros de Vanilla, ao observar a distribuição das folhas, sugeriram a possibilidade de ela ser também, uma Vanilla ribeiroi (apesar de constar sua ocorrência apenas em Mato Grosso).